Dia Nacional do Atleta Paralímpico e Seleção Brasileira de Futebol de Amputados evidenciam os talentos dos esportes

Publicado em: 18/09/2025


Por Sergio Gomes para o site da Câmara Paulista de Inclusão da Pessoa com Deficiência

Phelipe Rodrigues é um homem branco de olhos castanhos. Na foto está nadando em uma piscina com raias, e aparecem seus braços e tronco em movimento de natação. Está sorrindo.

“Acredito que quanto mais visibilidade o esporte paralímpico tenha, não só no Brasil, mas no mundo, mais a gente pode quebrar aquele tabu de que pessoas com deficiência são coitadinhos. Quanto mais visibilidade, a gente pode mostrar que uma pessoa com deficiência é capaz de fazer tudo, sempre superando a sua dificuldade”, destacou Phelipe Rodrigues, dono de sete medalhas paralímpicas na natação em declaração ao site Olímpiada Todo Dia.

No último dia 30 de agosto, a Seleção Brasileira de Futebol de Amputados conquistou o título da Copa Sul-Americana, vencendo o Uruguai na final por 4 a 3 nos pênaltis, o jogo foi 1 a 1 no tempo regulamentar. Com o título, a Seleção conquistou também uma vaga na Copa do Mundo da modalidade, que será disputada em 2026 na Costa Rica. A Seleção Brasileira contou com o apoio de CBF, por meio do programa CBF Transforma, e o apoio garantiu o custeio integral dos uniformes oficiais da delegação, alimentação durante a competição, passagens aéreas e hospedagem. O Comitê Brasileiros de Clubes Paralímpicos também participou da iniciativa, sendo responsável por custear parte da hospedagem.

Na foto, os atletas da Seleção Brasileira de Futebol de Amputados 2025 estão agrupados, vestem camisa amarela, shorts azul e seguram a Bandeira do Brasil
Seleção Brasileira de Futebol de Amputados 2025

Embora o futebol para amputados não faça parte ainda das modalidades incluídas nos jogos Paralímpicos, as conquistas da Seleção de Futebol para Amputados mostra como investir em esportes inclusivos é benéfico não só para os atletas como para a sociedade. E essa conquista aconteceu próxima de uma data muito importante para o esporte praticado por pessoas com deficiência, pois no dia 22 de setembro comemora-se o Dia Nacional do Atleta Paralímpico.

Atletas paralímpicos competem nos jogos Paralímpicos, também conhecidos como Paraolimpíadas, um evento internacional onde disputam, em alto nível, atletas com deficiência do mundo inteiro em modalidades adaptadas às suas necessidades específicas.

A data serve para promover a inclusão, reconhecer a dedicação dos atletas, inspirar pessoas com deficiência a praticar esportes e conscientizar a sociedade sobre os seus direitos e as barreiras que ainda existem. A efeméride também é muito importante para dar visibilidade a esses atletas e ao esporte paralímpico. O Dia do Atleta Paralímpico também nos ajuda a perceber que as deficiências não são barreiras, mas sim um ponto de partida para a excelência e a determinação.

Uma breve história dos Jogos Paralímpicos.

Em 1948, na Inglaterra, o neurologista alemão Sir Ludwig Guttmann, um dos pioneiros no uso do esporte para a reabilitação física de pessoas com deficiência, organizou um evento esportivo com 16 veteranos da Segunda Guerra Mundial que haviam sofrido lesão medular. O evento aconteceu em Stoke Mandeville e quatro anos depois um grupo de atletas com deficiência da Holanda juntou-se ao evento, dando início assim ao movimento internacional que hoje é conhecido como Movimento Paralímpico.

Oficialmente os primeiros jogos Paralímpicos aconteceram em Roma, na Itália, em 1960.

Os jogos Paralímpicos aconteciam em cidades diferentes dos jogos Olímpicos até as Olímpiadas de Seul, na Coreia do Sul, em 1988.

Em 2001 o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o CPI (Comitê Paralímpico Internacional) assinaram um acordo para garantir a organização dos jogos Paralímpicos e nesse acordo ficou estabelecido que uma cidade, ao se candidatar para organizar os jogos Olímpicos deve incluir no projeto apresentado, a organização dos jogos Paralímpicos, esse acordo entrou em vigor nos jogos Olímpicos de Pequim, na China, em 2008.

Rotina de treinos

Assim como outros atletas de alto rendimento, os atletas paralímpicos têm uma rotina diária de treinos e por vezes mais de uma vez ao dia. Seus treinos podem ter algumas adaptações como luvas com garras ou canelitos de tecido, como no caso da atleta brasileira Fernanda Yara, que compete no atletismo e foi campeã olímpica nos 400m rasos nos jogos paralímpicos de Paris em 2024 e é bicampeã mundial nos 400m rasos. Outros atletas, com outras deficiências, podem fazer uso de outros equipamentos e/ou outras adaptações nos treinos.

Histórias de campeões

O Brasil é considerado uma potência paralímpica, constando como o 10º maior vencedor em quantidade de medalhas. Por isso há uma grande quantidade de atletas que poderiam aparecer aqui. Foram escolhidos dois para uma breve biografia:

Daniel Dias é um homem negro, de olhos castanhos e cabelos raspados. Na foto usa camiseta amarela com detalhes em verde e preto, está sorridente  mostrando a medalha de ouro que está pendurada no pescoço.
Daniel Dias

Daniel Dias- É o maior medalhista paralímpico do Brasil, nadador nas classes S5, SB4 e SM5. É dono de 27 medalhas em jogos Paralímpicos, sendo 14 delas de ouro. Daniel nasceu com má-formação nos membros superiores e inferiores, ele é natural de Campinas, no interior de São Paulo, mas passou sua infância e adolescência na cidade de Camanducaia, em Minas Gerais e começou a nadar aos 16 anos, inspirado por outro atleta paralímpico, Clodoaldo Silva (outro grande campeão paralímpico brasileiro). Daniel Dias se aposentou das piscinas nas Olímpiadas de Tokio, em 2020, onde se despediu com três bronzes. Atua hoje como embaixador do esporte paralímpico.

Adria Santos é uma mulher de pele negra, cabelos pretos presos na nuca. Usa top e shorts de corrida, nas cores azul, verde e amarelo, com um número de corredora no peito. Está correndo em uma pista, usa óculos escuros e está sorrindo. Ao seu lado, tocando seu antebraço, seu treinador está correndo e sorrindo. É um homem negro, de cabelos raspados, com músculos bem definidos. Usa shorts azul e camiseta laranja.
Adria Santos

Ádria Santos – É a maior medalhista feminina nos esportes paralímpicos brasileiros. Velocista na classe T11. É dona de 13 medalhas paralímpicas, sendo 4 de ouro. Competia nos 100m, 200m e 400m rasos. Ádria nasceu com uma doença degenerativa que foi aos poucos tirando-lhe a visão, tornando-a completamente cega em 1994. Ádria nasceu em Nanuque, Minas Gerais. Ádria começou no atletismo paralímpico aos 13 anos. Em 2012, após uma lesão no menisco (região do joelho) resolveu se aposentar das competições.

Em um país como o Brasil, onde há muitas pessoas carentes e uma série de problemas sociais associados à pobreza e a falta de oportunidades, as pessoas com deficiência sofrem ainda mais com essas mazelas e o esporte pode ser um recurso de inclusão poderoso, que não apenas ajuda com a saúde, a autoestima como também uma profissão, além dos atletas paralímpicos inspirarem e motivarem não apenas pessoas com deficiência, mas o público em geral. O sucesso dos atletas paralímpicos também ajuda a dar maior visibilidades aos atletas e aos esportes paralímpicos e isso pode resultar em maiores investimentos do governo nos esportes paralímpicos, o que se torna mais uma forma de apoio às pessoas com deficiência.

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