Pessoas com deficiência e Coronavírus

Texto de autoria de Tuca Munhoz, ex-secretário municipal adjunto da Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo

Tenho, como de resto acredito todos vocês, recebido suficiente informação, muito relevante e criteriosa, sobre a atual pandemía COVID – 19.

Informações não têm faltado. E me parece que, agora, as pessoas e as instituições estão se mobilizando para providências mais eficazes, tais como evitar aglomerações e situações semelhantes.

Ocorre-me pensar no caso de pessoas que não podem se dar ao luxo de não irem trabalhar vendo-se obrigadas a fazerem uso do transporte público, eternamente lotado.

Urge aos poderes públicos manifestarem-se quanto a isso!

Mas este meu pequeno texto pretende provocar mais uma discussão que costumeiramente é neutralizada ou silenciada, a de que nós, pessoas com deficiência, das mais variadas, ressaltando-se as deficiências físicas e suas sequelas – poliomielite, lesão medular, esclerose, síndromes variadas, paralisia cerebral etc. – somos, sem dúvida, um seguimento da população sujeito a maior risco, sobretudo, em razão de nossas, maiores ou menores, fragilidades físicas, notadamente aquelas que resultam em insuficiência e/ou dificuldade respiratória.

No que diz respeito às necessidades específicas desse segmento particular da população de risco, NADA de específico tem sido informado para que se tome os adequados cuidados em relação à pandemia.

O que fazer? Claro que devemos agir e tomar as mesmas precauções de todas as pessoas.

Lavar as mãos, para quem as tiver, e não esquecer de limpar com álcool gel o aro de impulsão da cadeira de rodas, o joy stick da cadeira motorizada, as barras de apoio dos banheiros, etc.

Ainda não vi advertências e informações dessa natureza.

E as pessoas com deficiência que trabalham?! Muitas trabalham em call centers, por exemplo, locais de grande concentração de pessoas.
Deveriam deixar de comparecer aos seus locais de trabalho? Terão seus dias descontados ou haverá compreensão de seus empregadores?

A quem cabe o papel de organizar tais informações e, consequentemente, orientar as pessoas com deficiência e outras a elas relacionadas para que estejam a par dos sérios riscos trazidos por essa situação de saúde pública que afeta a todos de maneira geral e a esse seguimento específico da população de maneira muito particular.

Tuca Munhoz
São Paulo, 15 de Março de 2020

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