Blocos de carnaval brincam promovendo a inclusão pelo Brasil
Publicado em: 06/02/2018
Na avenida do samba, não há quem não possa brincar, por isso, a participação de pessoas com deficiência está cada vez maior, com ações de acessibilidade pipocando pelo Brasil. A cada ano temos mais blocos com foco na inclusão, iniciativa que torna a alegria do carnaval acessível para que a festa popular seja vivida e compartilhada sem distinções. Acompanhe nosso giro rápido por algumas dessas iniciativas divertidas, acessíveis e inclusivas.
O Bloco carioca Eficiente, que completa cinco anos em 2018, é um bom exemplo. Idealizado pela jornalista Bruna Saldanha, surgiu da paixão da moça pelo carnaval e de sua experiência com a filha Izabel, de 9 anos, que tem paralisia cerebral. Bruna celebra as conquistas de sua iniciativa:
— A importância do bloco está em ter pessoas com vivências semelhantes juntas numa festa onde todo mundo é bem-vindo. Há ainda o fato de trazer o tema da inclusão à tona, pôr nossas questões para fora através de estandartes, da música, diz.
A jornalista conta que o Eficiente veio após ela própria ter feito uma música, a Marcha da Cadeirinha, hoje hino do bloco. A letra foi uma espécie de inspiração para algo maior: “Sou cadeirante / Com muito orgulho / Sou cadeirante / Com muito amor / Inteligente, sou desse jeito / Cante comigo e leve embora o preconceito”.
O ensaio do bloco Eficiente, que busca músicos voluntários, tem apoio do grupo ApoiaDown. O desfile oficial aconteceu no dia 28 de janeiro.
Com um pouco mais de tempo de folia na bagagem, o Tá Pirando, Pirado, Pirou! é formado por pacientes e profissionais da rede pública de saúde mental do Rio. Em seu 14º ano, ele vem com o enredo “Foram me chamar! Eu estou aqui, na luta, na lida, no samba. Salve Dona Ivone Lara!”, uma homenagem à artista de 96 anos que trabalhou como enfermeira com a psiquiatra Nise da Silveira no antigo Centro Psiquiátrico Pedro II.
O desfile tradicionalmente é embalado por sambas conhecidos pelos foliões e este ano será também temático, trazendo o repertório de Dona Ivone Lara.
— Estamos muito animados. Vamos ter também uma ala infantil, com crianças e adolescentes que se tratam em serviços públicos de saúde menta, adianta o psicanalista Alexandre Ribeiro Wanderley, um dos fundadores do bloco.
Na onda da tradição carnavalesca de nomes criativos de blocos, o Senta que eu Empurro, fundado no Rio em 2008, é formado por pessoas com deficiência e desfila toda sexta-feira de carnaval no Catete.
— O nome tem uma dupla interpretação. A ideia era que não segregasse: ele reuniu tanto a pessoa com deficiência, representada por quem usa cadeira de rodas, como o bom humor do carnaval — diz a organizadora, Ana Cláudia Monteiro.
Ela ressalta que o objetivo do Senta que eu Empurro é dar visibilidade, integrar e socializar de forma descontraída, promovendo a alegria e a autoestima.
O Bloco do Pedal que se diferencia pela mensagem de sustentabilidade, foi um dos destaques do primeiro dia do Pré-Carnaval de São Paulo e este ano teve a participação da bateria Tom Bon formada por pessoas com deficiência, e regidos por Gustavo Godoy.
O que chamou a atenção no “Bloco do Pedal” é a troca do tradicional trio elétrico por um veículo menor, cujo som é controlado por bicicletas. Para controlar a potência e a altura do som, as pessoas devem interagir com o equipamento e pedalar.
O VibraMão foi o primeiro bloco para surdos do carnaval paulista, segundo a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. Intérpretes traduzem as letras das músicas e a batida, pois surdo também gosta da música, do samba, da vibração.
Também em São Paulo, o bloco de rua Sim, Fodemos! que busca provocar a sociedade de forma lúdica, sobre sexualidade e deficiência, saiu com muita animação, no Largo do Arouche. o bloco é uma iniciativa de Tuca Munhoz e um coletivo de pessoas com deficiência.
O projeto-piloto “Samba com as Mãos – Inclusão da Pessoa com Deficiência Auditiva” é uma iniciativa da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida em parceria com a São Paulo Turismo.
No desfile das escolas de samba no sambódromo do Anhembi, Zona Norte de São Paulo, cegos e surdos podem acompanhar melhor a festa, pois cada escola de samba gravou um vídeo com o samba-enredo interpretado em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, para ser exibido durante o desfile das escolas.
Para os cegos haverá audiodescrição, um tipo de tradução simultânea, onde todos os detalhes que acontecem na avenida são descritos, tais como a chegada do abre-alas, as baianas, o material das fantasias e tudo mais.
No Recife a Prefeitura mantém o Camarote da Acessibilidade no bloco Galo da Madrugada, no dia 10 de fevereiro. O espaço de inclusão no desfile do maior bloco do Estado chega à sua oitava edição e terá capacidade para 400 pessoas com deficiência, pessoas idosas, acompanhantes e convidados.
Haverá ainda, cerca de cem vagas para pessoas de outras cidades pernambucanas, que poderão se inscrever junto à Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência (Sead). O telefone de lá é o 3183-3075, e as inscrições começam no dia 1º de fevereiro. As pessoas com deficiência auditiva poderão se inscrever pelo Whatsapp: 98494-1291.
Voltando ao Rio de Janeiro, nesse giro rápido pelas ações inclusivas do país, a Subsecretaria da Pessoa com Deficiência (SUBPD), lançou um novo projeto carnavalesco, em conjunto com a Central Carioca de Intérpretes de Libras, o Carnaval inclusivo 2018.
O objetivo do projeto é levar os sambas-enredo a todas as pessoas com deficiência auditiva, para que possam sentir cada palavra e estrofe da música.
Abaixo, segue o link de alguns dos samba-enredos do Rio de Janeiro em 2018, como Beija Flor, Portela, Padre Miguel e outras mais:
NOVOS VÍDEOS: Carnaval 2018 será inclusivo e terá Intérpretes de Libras
Fontes: http://blogs.oglobo.globo.com/to-dentro/post/conheca-os-blocos-de-carnaval-de-rua-que-promovem-inclusao.html
http://www.evento.br.com/eventos-arquivo/3153540/bloco-do-pedal-vioco-no-seu-gogo-e-a-bateria-inclusiva-tombon
Por Stela Masson, 05-02-2018