Dia Nacional do Surdo (26/09): 8 fatos que você precisa saber sobre a comunidade surda

Publicado em: 19/09/2024


Reprodução e Fonte: https://www.crb.g12.br/Blog/post/2022/09/26/dia-nacional-do-surdo-26-09-8-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre-a-comunidade-surda

O mês de Setembro, conhecido como Setembro Azul, busca trazer visibilidade para a comunidade surda, destacando as demandas e lutas dos surdos, celebrando, também, as suas conquistas.

O Dia Nacional do Surdo é comemorado, anualmente, em 26 de setembro, oficializado por meio da lei nº 11.796 de 2008. Essa data foi escolhida em homenagem à fundação da primeira escola para surdos do Brasil, o INES (Instituto Nacional de Educação para Surdos), em 1857, no Rio de Janeiro.

“O Dia Nacional do Surdo é importante para divulgar o tema. Foi oficializado em 2008 e hoje, em 2022, percebemos vários grupos, até no futebol, discutindo questões de acessibilidade. Há empresas, por exemplo, que já fizeram propaganda divulgando a língua de sinais. No Corcovado, tem uma luz azul em homenagem ao Dia do Surdo. Então, há várias ações e grupos dando visibilidade para essa luta”, comenta o professor surdo Alexandre Melendez, do Centro de Educação para Surdos Rio Branco. 

A busca por informações sobre os surdos

A grande questão que o Setembro Azul busca combater é a desinformação, que acaba gerando preconceito e falta de acessibilidade. É fundamental que os ouvintes busquem informações, respeitem e saibam apoiar esse grupo.

O perfil no Instagram do CES (Centro de Educação para Surdos Rio Branco) traz diversos conteúdos informativos, assim como o canal TV CES no Youtube. Em complemento a esses materiais, conversamos com a diretora da Instituição, Sabine Vergamini, e o professor surdo Alexandre Melendez, sobre alguns fatos sobre as comunidades que todos deveriam saber. Confira:

8 fatos sobre a comunidade surda

  • Surdo x deficiente auditivo

“Tem uma diferença entre ser surdo e deficiente auditivo. Surdo é a pessoa que nasceu sem ouvir ou que precocemente  perdeu a audição e utiliza a língua de sinais para se comunicar . Agora, uma pessoa que nasceu ouvindo e que perdeu a audição  e que tem o mundo sonoro como refrência,  é o deficiente auditivo”, explica Alexandre.

  • Libras é a primeira língua dos surdos brasileiros

É importante compreender que a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é a primeira língua do indivíduo surdo brasileiro, possibilitando a aquisição da linguagem e estimulando a comunicação. O português deve ser aprendido como segunda língua.

Vale lembrar que cada país adota uma língua de sinais – na França, por exemplo, há a LSF e nos Estados Unidos, a ASL.

  • A educação bilíngue é um desafio para os surdos

Tendo em vista que, no Brasil, a primeira língua dos surdos é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), uma educação bilíngue, para essa comunidade, significa introduzir também o português como segunda língua na educação. É desafiador, para aqueles que não ouvem a conseguir autonomia para escrever bem, de acordo com as normas, e alcançar o nível do ensino superior.

“Às vezes, uma palavra ou uma vírgula, no português, muda o significado. Então, a gente precisa de uma boa metodologia de base para aprender essa segunda língua”, aponta o professor. Para ele, essa questão é a maior dificuldade da comunidade surda.

  • A falta de acessibilidade comunicacional é um problema grave

Quando questionado sobre como é o cotidiano de uma pessoa surda, Alexandre responde: “Normal, igual a todos. O problema é a falta de acessibilidade de comunicação. Por exemplo: eu preciso resolver um problema no banco e mandam que eu faça uma ligação. Mas, ligar não adianta; eu sou surdo, preciso pedir para um intérprete. Aí, eles, muitas vezes, não querem falar com o intérprete porque não é o cliente, não entendem que eu preciso do intérprete.”

Situações similares podem acontecer em qualquer lugar, inclusive em hospitais, local em que a saúde do paciente depende da troca com os profissionais. O cenário já melhorou muito nos últimos anos, inclusive por causa da tecnologia e centrais de atendimento, mas ainda é uma luta constante contra as barreiras.

  • Itens do cotidiano precisam ser adaptados

Os ouvintes podem não perceber, mas há uma série de coisas do cotidiano que precisam de uma adaptação para a vida do surdo. “Imagine que uma pessoa surda tem um bebê. Hoje, a babá eletrônica pode piscar a luz quando o bebê chorar, mas esse recurso não existia antigamente. Quando toca a campainha, por exemplo, o surdo precisa ter uma informação visual para saber que tocou”, explica Sabine.

  • É preciso haver intérpretes e em locais visíveis

O professor Alexandre compartilha que, para ele, uma grande dificuldade é encontrar intérpretes qualificados. Sabine completa esse raciocínio pontuando que, em diversas situações como espetáculos, por exemplo, o intérprete é colocado em um canto, onde não fica visível para quem precisa. Nesses casos, há uma falsa noção de acessibilidade.

  • O diagnóstico da surdez é mais fácil atualmente

Antigamente, o diagnóstico da surdez demorava muito. Era comum que a família sequer percebesse, nos primeiros meses de vida do  bebê que ele não escutava. Hoje, o avanço em relação a exames foi muito significativo e é possível fazer o diagnóstico precocemente

 Sobre a reação dos pais diante do diagnóstico, Sabine Vergamini comenta: “Depende de família para família. Normalmente, nós, que somos ouvintes, não estamos preparados para ter filhos surdos, existe um choque.” Para pais surdos, não existe esse impacto inicial, já que as duas gerações compartilharão a mesma comunidade e idioma.

  • A inclusão na prática ainda não é fácil

“A grande questão que a pessoa surda encontra como dificuldade é referente à sociedade não estar preparada para receber o diferente”, coloca Sabine. A inclusão deve acontecer no dia a dia, impedindo que o surdo seja excluído de atividades ou não tenha acesso à informação. É preciso se colocar ao máximo no lugar do outro para que a inclusão seja viável.

Em suma, é fundamental respeitar e apoiar a comunidade surda durante o ano inteiro, não apenas durante a campanha Setembro Azul ou no Dia Nacional do Surdo. “Preconceito existe, porque temos medo do desconhecido. Mas, se eu aceito e começo a conhecer o outro, começo a quebrar essas barreiras”, finaliza o professor Alexandre.

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