Pesquisadora brasileira recebe bolsa ‘Internacionalização com Inclusão’ para pesquisar acessibilidade para pessoas com deficiência em universidade dos EUA

Publicado em: 15/01/2024


Mestranda na USP, Mila Guedes, uma mulher com deficiências múltiplas, tem experiência em diversas organizações internacionais.

Por Sergio Gomes para o site da Câmara Paulista de Inclusão da Pessoa com Deficiência

Mila Guedes

Mila Guedes, mulher com deficiência múltipla – com esclerose múltipla e Síndrome de Stargard -, destaca-se como uma defensora dos direitos humanos das pessoas com deficiência. Atualmente, é Coordenadora Geral no curso de formação em Liderança e Empoderamento Feminino para mulheres com deficiência no Brasil, integrando o Programa TODAS in-Rede da Secretaria de Estado de SP dos Direitos das Pessoas com Deficiência. É palestrante, a exemplo do TEDx Talk Espaços Deficientes (https://www.youtube.com/watch?v=MvmfX9zO93E).

Na USP Mila é mestranda no Programa de Pós-Graduação – Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades do Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Sobre o curso do qual é coordenadora Mila nos conta: “É um curso que a gente faz para o Brasil inteiro, porque é online e conseguimos alcançar uma mulherada, é uma maravilha e eu fico feliz de conseguimos tanto alcance, porque o curso é voltado a autoestima a direitos políticos com fundamentação teórica.”

Mila Guedes ampla experiência internacional, já tendo representado o Brasil no Festival de Cooperação iInternacional, na Itália, onde fez a apresentação do projeto Vozes Femininas; e também na Conferência da organização Rehabilitation International Ásia & Pacífico Regional, na China, onde falou sobre a situação da mulher com deficiência no Brasil.

A pesquisa que Mila desenvolve no mestrado nasceu a partir de sua experiência como estagiária em um Centro de Vida Independente, chamado Access Living, na cidade de Chicago, nos Estados Unidos. No Brasil o primeiro Centro de Vida Independente foi criado na cidade do Rio de Janeiro, em 1988.

“A minha pesquisa, que eu desenvolvo aqui na USP, é sobre mulheres com deficiência e cuidadoras familiares de pessoas com deficiência e a luta nos direitos humanos e sociais – história de participação nos movimentos sociais das pessoas com deficiência” explica Guedes.

Fruto de seu trabalho, dedicação e empenho, a pesquisadora foi contemplada com uma bolsa de pesquisa na Universidade de Maryland, no condado de Baltimore, para o estudo ser realizado nos Estados Unidos. A bolsa foi concedida pelo Programa de Mobilidade Internacional Santander – Internacionalização com Inclusão – Mulheres na Pós-graduação.

“Nos Estados Unidos você tem centros de acessibilidade educacional para receber os alunos com deficiência nas universidades e minha pesquisa será em um desses centros, para identificar os processos de como eles recebem os alunos com deficiência. Acessibilidade arquitetônica, acessibilidade atitudinal, são todas essas coisas que eu vou pesquisar para trazer para cá, para ver o que a gente tem e o que a gente pode implementar e apoiar os alunos da universidade, não só da USP, como de qualquer outra universidade, pois é importante a gente trazer mais alunos com deficiência para as universidades”.

Um de seus objetivos na pesquisa que ela realizará na Universidade de Maryland é ver como são os enfrentamentos às barreiras atitudinais. Ela explica que, em termos de acessibilidade arquitetônica, a USP é bem empenhada em resolver os problemas, instalando rampas e elevadores além de outros recursos. “Aqui eu sei quais são os enfrentamentos que precisamos lidar, principalmente com relação as barreiras atitudinais, e quero identificar como eles trabalham com isso, como eles solucionam esses problemas, porque a ideia é ver, aprender, conhecer, vivenciar, ter contato com as pessoas que utilizam esse serviço [dos centros de acessibilidade educacional].”

A pesquisa que Mila desenvolve tem como referência os movimentos sociais das pessoas com deficiência. “O que eu trago muito na minha pesquisa é essa conscientização da importância dos movimentos sociais, para que a gente consiga reverter algumas situações. É muito importante conhecer muito bem os seus direitos para que você possa usufruí-los e para que você possa ficar atento e não permita retrocessos, ao contrário, precisamos avançar e buscar por mais conquistas.”

A pesquisadora destaca, em sua pesquisa, o papel das mulheres com deficiência, com o objetivo de promover o aumento do conhecimento dos seus direitos mulheres, capacitando-as para lutarem por e resistirem a qualquer tentativa de retrocesso nos direitos humanos das pessoas com deficiência.

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