Salão de beleza acessível e itinerante atende clientes com deficiência

Publicado em: 21/11/2017


O cabeleireiro José Valente, morador do Distrito Federal, é um entusiasta da acessibilidade. Preocupado em promover o bem estar das pessoas com mobilidade reduzida, montou um salão itinerante para atender os clientes em casa. A ideia de se dedicar a este público surgiu em 2008, quando  morava em João Pessoa (PB). Na época, um cadeirante relatou que não conseguia cortar o cabelo porque a cadeira de rodas não passava nas portas dos estabelecimentos. Comovido com a situação, Valente teve a ideia de montar o salão ‘delivery’ e oferecer o serviço nas casas de pessoas com deficiência no Distrito Federal. Ele vendeu uma sala comercial e investiu os R$ 60 mil em equipamentos.

Além de corte, alisamento, hidratação e tintura, as estéticas corporais, como limpeza de pele e drenagem linfática também fazem parte dos serviços que ele presta. Mas ele cobra valores simbólicos de acordo com a distância percorrida e seu sustento vem da representação de produtos de beleza.

Entre os clientes há cadeirantes, pessoas com paralisia cerebral e acamados. De acordo com Valente, são feitos 30 atendimentos por mês. Os materiais adaptáveis são essenciais para o serviço. “Eu chego, regulo o lavatório de acordo com a altura do cliente e ele não precisa ser removido da cadeira de rodas para tratar dos cabelos”, explica.

Para Valente, o diferencial do trabalho que ele faz está  em priorizar o conforto dos outros e em se preocupar com pessoas que tenham necessidades especiais. A dedicação foi o que fez com que a mulher dele aderisse à atividade e passasse a ajudá-lo nos fins de semana.

Mudança radical

Nascido em Salvador (BA), Valente foi para Brasília na juventude e trabalhou 15 anos com autopeças e dez com venda de veículos. A carreira de cabeleireiro  começou em 2007 em João Pessoa (PB), onde  morou por seis anos e conheceu o cliente cadeirante. “Mas retornei a Brasília porque lá não achei futuro”, conta.

De volta ao Distrito Federal, percorreu hospitais como o Sara Kubitchek e pediu ajuda de enfermeiros e fisioterapeutas para entender as necessidades de pessoas com deficiência, baixa locomoção e acamadas. A partir daí, colocou a ideia em prática: comprou um veículo com carroceria para dar início ao trabalho. A parte traseira do veículo é adaptada para organização dos instrumentos e do maquinário utilizado. Ali, além de produtos, tesouras e secadores, ele guarda um lavatório regulável e um aspirador de pó para remover pelos de camas e macas

Ele critica a postura do poder público e da sociedade com relação à acessibilidade. “Há descaso tanto dos governantes como dos próprios profissionais, que não querem sair de seu conforto para ajudar quem precisa.”Dados do IBGE apontam que 22,23% da população do DF tinha algum tipo de deficiência em 2010. Esse índice representava 573.805 moradores da capital do país.

Fonte: G1 e R7

 

Por Stela Masson, 3-11-2017

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