Capacitismo e Etarismo aumentam desafios das pessoas com deficiência em seu envelhecimento

Publicado em: 29/08/2023


“Planejamento afetivo” deve estar presente na vida das pessoas em todo o seu processo de envelhecimento, e não é diferente para as pessoas com deficiência, diz ativista Tuca Munhoz.

Site Câmara Paulista para Inclusão | Por Sérgio Gomes

Conforme avançamos no século XXI uma questão que deve ser tratada com urgência é o envelhecimento da população mundial, um fenômeno que vem acompanhado de muitas adversidades, em especial para pessoas com deficiência, pois sabemos que o processo de envelhecimento traz alterações no organismo que podem interferir também nos cinco sentidos e as piores perdas são no olfato, na visão e na audição.

Com a idade também podem aparecer condições de ordem mental e que dificultam muito a vida do idoso, especialmente os que já lidam com desafios causados por depressão, transtorno de ansiedade, esquizofrenia e demências (principalmente Doença de Alzheimer, seguida pele Demência Vascular), pois é natural do processo de envelhecer, uma redução das capacidades e habilidades física, mental e sensorial e as pessoas com deficiência, que enfrentam por toda a vida o capacitismo, passam a sofrer também com o etarismo e passam a ser duplamente discriminadas.

No Brasil, em 2019, de acordo com o IBGE, havia mais de 17 milhões de pessoas com deficiência e dessa parcela da população quase metade (49,4%) era composta por idosos. Os desafios de ser uma pessoa com deficiência com mais de 65 anos traz também aspectos da saúde mental que precisam ser considerados e que não têm uma forma simples de lidar, como isolamento social, baixa
autoestima e a solidão.

Pessoas idosas precisam redobrar os cuidados com a mobilidade, tanto dentro quanto fora de casa, uma vez que estão mais suscetíveis a quedas e mesmo pequenos traumas podem se tornar grandes problemas, com uma recuperação mais demorada e mais complexa e tudo isso é potencializado em pessoas com deficiência, em especial as de natureza física.

A saúde mental e a vida social na terceira idade apresentam desafios complexos, os quais não podem ser abordados com facilidade e estão intrinsecamente ligados aos estilos de vida individuais. No entanto, existem maneiras de reduzir os efeitos indesejados que esses fatores podem causar e sobre isso Tuca Munhoz, consultor especializado em acessibilidade, ativista e candidato a deputado estadual em São Paulo explica: “É fundamental lidar com essas situações procurando o estabelecimento de relações solidadas de amizade e de relacionamentos familiares. O que é, certamente, mais fácil de falar do que de fazer. Mas, esse ‘planejamento afetivo’ deve estar presente na vida das pessoas em todo o seu processo de envelhecimento, e não é diferente para as pessoas com deficiência.

Frequentar locais de encontro como clubes, praças, centros culturais, pode ajudar bastante, porém, para as pessoas com deficiência, que sempre enfrentaram as barreiras de acessibilidade, essa pode ser, ainda mais com o envelhecimento, uma questão, literalmente, intransponível.

”O acesso a cuidados de saúde é fundamental para todos, especialmente para pessoas com deficiência que estão envelhecendo e para as pessoas com e sem deficiência que não têm plano de saúde essa é uma questão bastante séria e Tuca Munhoz acrescenta: “O fortalecimento da saúde pública, com atenção específica às pessoas idosas, e especial às pessoas idosas com deficiência, é indispensável, com o fácil e gratuito acesso à equipamentos, com atendimento domiciliar, exercícios físicos e reabilitação funcional, são imprescindíveis. Outro aspecto, importantíssimo também, é o estabelecimento de uma política pública de cuidados, com cuidadores domiciliares capacitados e que possam prestar serviços às pessoas idosas com deficiência, garantindo-lhes qualidade de vida, autonomia e segurança para sua vida cotidiana. O envelhecimento das pessoas com deficiência é um grande desafio para o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas de cuidado”.

O processo de envelhecimento pode representar um desafio para todos, sendo que para as pessoas com deficiência, esses desafios podem se intensificar ainda mais. À medida que avançamos em idade, tanto nosso corpo quanto nossa mente passam por transformações significativas. Se já convivemos com alguma forma de limitação desde cedo, essas mudanças podem se tornar ainda mais complexas de lidar. É, portanto, crucial que as autoridades competentes estejam atentas a essa realidade, buscando abordagens eficazes para atender às necessidades dos idosos em geral, e de maneira especial àqueles que enfrentam alguma deficiência. Dessa forma, será possível garantir uma qualidade de vida aprimorada para essa parcela tão frequentemente negligenciada dentro da sociedade.

Fontes: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
Projeto Cuidar
Agência IBGE

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