Guia representa marco na gestão da inclusão das pessoas com deficiência no trabalho

Ivone Santana, autora deste artigo, é a primeira à esquerda na foto, durante mesa redonda com o tema: Gestão da Inclusão de PCDs, na Conferência Ehos 360º

 

Ivone Santana*

Há alguns anos era apenas uma possibilidade, depois passou a ser forte tendência e agora estamos em um momento em que o valor gerado pela diversidade e inclusão é reconhecido como diferencial de negócio pelas empresas que lideram o mercado em  resultados e boas práticas. Porém, por termos atravessado séculos de segregação das diferenças, o caminho para promover a inclusão social no ambiente corporativo ainda está sendo construído.

As organizações – e gestores – que querem promover a diversidade ganharão, em 2018, uma preciosa ferramenta de gestão – o primeiro Guia Temático para Inclusão de Pessoas com Deficiência. O guia, que já começou a ser elaborado dia 20 de outubro, em conjunto com integrantes do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social e do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, trará indicadores de gestão e quadrantes de evolução, o que permitirá às empresas conhecerem o estágio de inclusão da sua cultura organizacional e quais são os próximos passos para avançar nesse quesito.

Como consultora de organizações púbicas, privadas, educacionais e sem fins lucrativos, eu tenho encontrado muita vontade, por parte de profissionais de diversas formações, de entender melhor todo o processo de exclusão da diversidade para atuar de forma mais efetiva na inclusão de pessoas historicamente apartadas de ambientes coletivos da sociedade. O guia trará uma metodologia orientadora e, por isso mesmo, tenho convicção de que será um marco na gestão da inclusão das pessoas com deficiência no Brasil.

Estar à frente desse projeto no grupo de trabalho me traz muitas realizações e recompensas, e os motivos estão relacionados a seguir.

Eu me lembro bem da primeira vez que tive em minhas mãos a publicação dos Indicadores de Responsabilidade Social do Instituto Ethos, no ano de 2001, há 16 anos, quando o assunto era uma tendência no meio corporativo. Eu coordenava o programa de responsabilidade social na empresa em que trabalhava, em Minas Gerais e, com a internet ainda incipiente e a sistematização da defesa dos direitos humanos ainda restrita a alguns círculos, os indicadores foram uma bússola eficaz para a estruturação de projetos e ações afirmativas (que ainda não tinham esse nome), estabelecendo parâmetros para evolução da responsabilidade social nas empresas.

Sempre fui admiradora do Instituto Ethos, e também participante assídua das Conferências 360 anuais – uma das grandes oportunidades, no Brasil, de reabastecimento de ideias, ideais e de fortalecimento para implementação de ações responsáveis para empresas.

Como gestora atuei na estruturação de vários programas complexos e, dez anos depois, em 2012, em São Paulo, ganhei mais um presente valioso na minha trajetória profissional: o convite, feito pelo querido e saudoso João Ribas, para participar como membro do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social. Nesse grupo encontrei união, dedicação, amor por uma causa, profissionalismo e competência em favor da inclusão das pessoas com deficiência. Ganhei ainda amigos para a vida e mais fortalecimento das minhas convicções de que é possível sim aplicar gestão e excelência nas questões sociais, de forma que possamos gerar valor para as instituições que as praticam.

A partir de 2015, quando fundei o Instituto Modo Parités e decidi seguir o caminho de empreendedora social pela diversidade, inclusão e sustentabilidade, trouxe comigo competências desenvolvidas a partir dessas duas experiências, entre outras muito relevantes também. A escolha da promoção da equidade como valor agregado, onde todos ganham, foi uma consequência natural decorrente de minha jornada, valores e convicções, conciliando sempre excelência na condução do processo e paixão pela causa.

Por tudo isso, a união do Instituto Ethos e da Rede Empresarial pela promoção da inclusão tem um significado tão importante para mim. Escolhi o nome Modo Parités por ser uma expressão em latim que significa “somente juntos”, e todas as pessoas interessadas estarão envolvidas nas diferentes etapas de elaboração do Guia, e serão convidadas a contribuir também. E, como diz a máxima “nada sobre nós sem nós”, as pessoas com deficiência estão envolvidas nesta construção desde o início.

Juntos vamos tornar nossa sociedade mais inclusiva, com oportunidades iguais para todos. Gratidão por fazer parte!

 

* Ivone Santana é consultora de inclusão social e sustentabilidade, membro do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social, membro da Rede de Consultores Uniethos, integrante do Grupo de Igualdade Racial da ONG Mulheres do Brasil e fundadora do Instituto Modo Parités – Inclusão Social na Prática.

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