“Transformação para uma sociedade sustentável e resiliente para todos” é tema do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em 2017

 

*Ivone Santana

 

O que podemos fazer para construir uma sociedade que promova a integridade e o acesso ao desenvolvimento para todos? Que tal começar participando da consulta pública para o Guia Temático Indicadores Ethos-REIS para a Inclusão da Pessoa com Deficiência?

 

Convencionamos chamar de minorias os grupos de pessoas que geralmente encontram-se em situação de vulnerabilidade, sofrem discriminação e preconceito, ou enfrentam desigualdade de acesso a oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Entre esses grupos estão as pessoas com deficiência. Porém, ao ler os números a seguir, o termo“minoria”parece incoerente pois alguns grupos mais frequentemente chamados de minoria estão, em alguns casos, em maior quantidade.

 

Considerando que o DNA de todos os habitantes do planeta é originário de povos dos países africanos, os 7,4 bilhões de seres humanos poderiam ser classificados como pessoas negras, mas se considerarmos apenas o tom da pele devido a concentração de melanina, esse número é de 1,35 bilhão, ou 20% (sendo 51% no Brasil). No mundo, o total estimado de mulheres em 2017 é de 3,710,295,643, ou 49,6% da população. Pouco mais de 50% da população mundial (3,6 bilhões de pessoas) vivem com até cerca de 180 reais por mês. Estima-se que o percentual mundial de pessoas LGTB seja de 3% a 3,5%, ou seja, cerca de 240 milhões. Aproximadamente de 5% da população, 370 milhões de pessoas, são indígenas, e estão entre as mais pobres. Cerca de 15% da população mundial, ou seja, 1 bilhão de pessoas, tem algum tipo de deficiência.

 

Se fizermos o cruzamento desses dados com infância, juventude, região, catástrofes e crimes ambientais, acesso a serviços públicos como saúde, saneamento e educação, entre outros, teremos cenários críticos de vulnerabilidade entre as chamadas minorias. As pessoas com deficiência permeiam todas as demais minorias e a combinação de uma ou mais pode significar grande risco de integridade.

 

Chamar atenção para esses números talvez seja um dos caminhos para estimular as pessoas que encontram-se em situação de poder a agirem de forma assertiva para mudar essa situação. Muitas são as alternativas para direcionar ações transformadoras. As convenções e objetivos internacionais, as constituições nacionais, o conjunto de leis, a defesa dos direitos, a fiscalização do cumprimento das leis, os pactos e manifestos, as redes colaborativas, os movimentos políticos e sociais, as ações afirmativas no ambiente corporativo, cada um desses recursos pode ser um caminho possível para somar na construção de uma sociedade mais justa e digna.

 

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 03 de dezembro, foi proclamado em 1992 pela resolução 47/3 da Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de promover os direitos e o bem-estar das pessoas com deficiência em todas as esferas da sociedade e do desenvolvimento, e sensibilizar para a situação das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida política, social, econômica e cultural.

 

Em 2006 foi adotada a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – da qual o Brasil é signatário -, que ganhou reforço com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e outros quadros de desenvolvimento internacional, como o Quadro Sendai para a Redução do Risco de Desastres, a Carta sobre a Inclusão de Pessoas com Deficiência na Ação Humanitária, a Nova Agenda Urbana e a Agenda de Ação de Adis Abeba sobre Financiamento para o Desenvolvimento.

 

Para celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência em 2017, a ONU definiu o tema “Transformação para uma sociedade sustentável e resiliente para todos”. Tema muito pertinente em uma época em que prevalece a concentração de renda e de privilégios, originados e mantidos pela ganância, falta de compaixão e comodismo.

 

Para mudar o cenário histórico de exclusão das pessoas com deficiência cabe a cada indivíduo que não concorda que as “minorias” estão destinadas ao descaso e sofrimento, dentro de sua capacidade de influência, escolher por implementar práticas coletivas de inclusão. Felizmente, podemos comemorar o fato de que, no Brasil, os bons exemplos estão se multiplicando, como é o caso da Câmara Paulista para a Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal, da Rede Empresarial de Inclusão Social (REIS), da Lei Brasileira de Inclusão, dos Conselhos das Pessoas com Deficiência, da Convenção de Salamanca, e de tantas outras iniciativas que reverberam e fortalecem os que querem ver uma sociedade mais inclusiva.

No período de 05 de dezembro a 19 de janeiro, a REIS, em conjunto com o Instituto Ethos, abrirão para consulta pública onde a sociedade civil poderá opinar sobre a composição do questionário que será base para o inédito Guia Temático: Indicadores Ethos-REIS para a Inclusão da Pessoa com Deficiência. Esse guia, que deve ser lançado em abril de 2018, será um marco para a incorporação da inclusão na cultura organizacional de empresas e instituições. Participe!

 

Ivone Santana é consultora de inclusão social e sustentabilidade, membro do grupo diretor da Rede Empresarial de Inclusão Social, da secretaria administrativa da Câmara Paulista para Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho Formal, membro da Rede de Consultores Uniethos, integrante do Grupo de Igualdade Racial da ONG Mulheres do Brasil e fundadora do Instituto Modo Parités – Inclusão Social na Prática. Integra o grupo coordenador do Guia Temático: Indicadores Ethos-REIS para a Inclusão da Pessoa com Deficiência.

 

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