Lara Sanurban ultrapassa a Cota com ações permanentes de inclusão
Para atender a Lei de Cotas, a empresa Lara Sanurban, do setor da Limpeza Urbana, precisaria contratar 13 pessoas com deficiência mas, em junho de 2016, já tinha 16 profissionais com deficiência contratados. E como se deu esse processo? No início, o grande desafio foi convencer os gestores a começar a contratá-los. E a experiência foi tão boa, que hoje é natural um funcionário sem deficiência ser substituído por um com deficiência.
Os líderes de RH e Operações contam aqui um pouco sobre as ações implementadas para conquistar este resultado.
“Estamos com a cota coberta, mas no início tivemos muito trabalho, principalmente para fazer com que os outros colaboradores entendessem qual é a limitação que a pessoa tem e de que maneira nós iríamos fazer para que ela pudesse se integrar à empresa. Depois tivemos que fazer com que a própria pessoa com deficiência perdesse o sentimento de extrema proteção, de que não precisaria se esforçar para estar ali” conta o gerente de Recursos Humanos, Osmar Spinussi.
Segundo Romualdo Siviera, gerente de Operações da Lara, um dos caminhos encontrados para a inclusão foi montar duplas de trabalho, um com e outro sem deficiência, para que um apoiasse o outro. “Algumas pessoas com deficiência duvidavam de si mesmas e, como um dependia do outro, eles foram ganhando confiança e entregando o trabalho para não deixar o colega na mão. Os colegas também viram que eles eram capazes. Nós tentamos ajudar a todos perceberem que juntos podem chegar muito mais longe”.
Algumas pessoas não se adaptaram, nem foi tudo fácil. “Aparamos arestas, tivemos dificuldades, perdemos pessoas. É um trabalho dinâmico e constante de melhoria. O segredo é olhar a pessoa e colocá-la na função certa”, conta Romualdo.
Como consequência destas medidas, a Lara Sanurban ficou conhecida como empresa inclusiva nas comunidades onde moram os funcionários, e os profissionais com deficiência começaram a procurar a empresa para trabalhar.
“Trouxemos pessoas que não tinham experiência, apostamos, investimos, pagamos cursos, colocamos junto com profissionais mais experientes para que aprendessem, e os que concluíram essas etapas e permaneceram nos quadros hoje são excelentes profissionais”, conclui o gerente de Operações.
Conheça exemplos de adaptações desenvolvidas pela Lara Sanurban, para direcionar, desenvolver e reter quatro dos quase 20 profissionais com deficiência que atuam na empresa:
Adalberto, surdo, é motorista e também responsável por liberar os veículos. Os colegas foram orientados a prestar mais atenção para entender o que ele está comunicando para que todos se entendam, e seu setor funciona com excelência.
Flavio nasceu sem um braço e tinha o sonho de ser eletricista, como o pai. A empresa identificou sua vontade e pagou vários cursos para que ele realizasse seu sonho. Ele é o eletricista da Lara e agora quer mais: cursar engenharia elétrica.
Solange entrou como auxiliar de escritório, mas não se adaptou, pois além da deficiência física apresentava dislexia. Ela poderia ter sido dispensada por isso, mas a empresa decidiu tentar outra posição e ela foi colocada na recepção, onde está há dois anos e se sente realizada, pois gosta de lidar com pessoas.
Francisco tem deficiência física e entrou como ajudante geral e foi demonstrando interesse e sendo incentivado a pegar mais trabalhos. Já foi promovido a auxiliar administrativo.
Pesquisa, entrevistas e fotos: Ivone Santana
Texto: Stela Masson, 20.02.2017