Selur capacita gestores para inclusão e mantém site de colocação profissional

O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de SP – Selur, foi criado em 1992 com  propósito de representar a categoria no cenário econômico e também responder aos desafios enfrentados quanto às questões de natureza social, ambiental, econômica e de saúde pública.

A instituição representa quase 200 empresas que atuam em todo o território nacional, e empregam dezenas de milhares de pessoas que executam desde funções operacionais até as de grande complexidade. Por isso, os principais desafios do setor para incluir pessoas com deficiência em seus quadros estão relacionados com as características da atividade de limpeza urbana – em que a maioria dos trabalhadores faz varrição de logradouros públicos e coleta de resíduos sólidos domésticos. “Estas funções restringem bastante a possibilidade de utilização de pessoas com deficiência, inclusive por razões de segurança em via pública”, afirma Adalberto Oliveira, diretor do Selur. Para ele “as empresas do setor têm poucas alternativas para incluir profissionais com deficiência, pois as áreas internas, como serviços administrativos, têm uma parcela muito reduzida de profissionais comparada às áreas operacionais”.

Ainda assim, o Selur exerce um importante papel de facilitador no apoio às empresas associadas que buscam cumprir a Lei de Cotas. Veja a seguir algumas de suas importantes iniciativas.

Site de colocação de profissionais com deficiência no mercado

Para contribuir com a colocação de pessoas com deficiência ou reabilitadas pelo INSS no mercado de trabalho, em 2009 o Selur criou o Sistema Integrado de Vagas e Currículos para Pessoas com Deficiências – SIVC (www.selursocial.org.br), onde esses dois grupos de profissionais têm um sistema de grande auxílio na busca por empregos.

Foi o primeiro site de colocação do mercado a incorporar recursos de acessibilidade para que pessoas com deficiência visual navegassem com autonomia. Gratuito e com abrangência nacional, o Selur Social permite a publicação de vagas e proporciona que os candidatos ao emprego, assim como as empresas que disponibilizam vagas estabeleçam um primeiro contato entre si. Desde junho de 2009, foram registrados 6.316 candidatos e 3.703 empresas no site, num total de 10.019 usuários, contabilizando uma média de 1.300 participantes por ano, entre candidatos e empresas.

Oficina de Libras

Outro programa do Selur é a “Oficina de Surdez”, que ensina Libras e foi desenvolvida em parceria com o Cepro (Centro Profissionalizante Rio Branco, da Fundação dos Rotarianos). O programa é destinado a pessoas que precisam manter uma comunicação básica com surdos (profissionais de RH, gestores e profissionais ouvintes), ou interessados em conhecer a cultura surda e a língua de sinais.

Capacitação profissional para surdos e pessoas com deficiência

A capacitação profissional para surdos e pessoas com deficiência também é fruto da parceria Selur-Cepro. Em dezembro de 2016 foi concluída a 16a. turma, com uma média de 40 alunos a cada semestre, totalizando 669 alunos alunos formados. A aula inaugural da 17a. turma foi no dia 26 de janeiro, e foi o tema central da reportagem realizada pela TV Aberta, no programa Novacidade. Veja a cobertura neste link: https://www.youtube.com/watch?v=5_45fueUPiA

Mapeamento e capacitação de gestores de RH

Para melhorar as condições para o cumprimento da cota de pessoas com deficiência nas empresas associadas ao Sindicato,  em 2016 o Selur desenvolveu, em conjunto com a consultora Ivone Santana, fundadora do Instituto Modo Parités – Inclusão Social na Prática, um programa para capacitar os gestores das empresas.

Realizado de forma a possibilitar que a consultoria mapeasse a cultura das empresas do segmento da limpeza urbana, o programa gerou, em uma primeira fase, quatro módulos de capacitação para os gestores, aplicados em intervalos de 50 dias durante 4 horas, com a presença de aproximadamente 40 gestores por turma. “A presença das várias empresas favoreceu o intercâmbio de informações, trazendo grande  sinergia para o grupo como um todo”, concluiu Adalberto Oliveira.

Depoimento de André Seabra, do grupo Solví, empresa sindicalizada ao Selur

André Seabra tem 33 anos, é publicitário, e trabalha na Solvi Soluções Industriais, divisão do grupo Solví que atua nas áreas de resíduos públicos, soluções industriais, saneamento, valorização energética e engenharia. O grupo emprega mais de 20 mil profissionais, e está presente em 250 municípios de todos os estados brasileiros, além de Argentina, Bolívia e Peru.

Com a Doença de Stargardt, que consiste na progressiva perda da acuidade visual,  André entrou, através da vaga de cotas, aos 25 anos, na filial da Essencis do grupo Solví, em São José dos Campos, cidade em que morava. “Não conseguia inserção no mercado de trabalho e, mesmo sendo formado em publicidade, entrei no cargo de auxiliar administrativo buscando galgar novos postos dentro da empresa”. Em 2013, já na área de marketing, foi transferido para a unidade de Caieiras, na grande São Paulo e, desde 2016 trabalha no corporativo da empresa,  na capital, para onde se mudou com a esposa.

“Entrei num cargo baixo e pude mostrar meu potencial nas áreas de comunicação e publicidade ao longo dos anos. Foi difícil, mas tive a oportunidade – que muitas pessoas com deficiência não têm – de mostrar que era capaz de crescer”.

André participou do desenvolvimento da rádio interna da Essencis em 2012. “Em 2014 nós aperfeiçoamos a rádio para o formato ‘streaming’ para transmitir a programação de músicas e informações durante as 24 horas em todos os computadores e som ambiente de 14 unidades do grupo”. Mas a rádio não é a única demanda do publicitário: com apenas 6% da visão, é ele quem faz os vídeos institucionais, desde a filmagem e edição, até a locução (assista no canal: https://www.youtube.com/channel/UCUSi-Cy9tIbTjyCQJ78URIA).

Capacitação de gestores

Respondendo pelo cargo de Analista de Comunicação e Conhecimento Pleno, André é um dos quatro representantes da Solví Soluções Industriais, no curso de capacitação de gestores, oferecido pelo Selur em parceria com o Instituto Modo Parités.”Participar desse curso tem sido gratificante. Ainda temos um longo caminho para atender todas as exigências de acessibilidade e inclusão da Lei de Cotas, mas já estamos multiplicando os ensinamentos do curso internamente”.

Ao auxiliar na compreensão do que é ‘o problema da inclusão’ e apontar soluções, o curso do Selur “representa uma evolução”, segundo André. “Nunca vi um sindicato ter uma iniciativa de inclusão de pessoas com deficiência tão abrangente, reunindo e repassando tanta informação relevante para os gestores”. O curso mudou sua visão quanto à questão da inclusão e apontou que a solução não é tão complicada. “Se mais empresas se abrissem para as boas práticas existentes, não veríamos tantos gestores restritos ao preconceito”.

Veja nas imagens, André atuando no estúdio e dirigindo os filmes institucionais da Solví Soluções Industriais:

Por Stela Masson, 08/02/2017

 

 

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