“Diálogos sobre a empregabilidade da pessoa com Deficiência” acontece em diversas cidades de São Paulo
Publicado em: 20/05/2016
Com o propósito de romper os preconceitos quanto à empregabilidade da pessoa com deficiência e construir uma ponte entre aqueles que podem e querem trabalhar e os que oferecem vagas com garantias trabalhistas e previdenciárias, foi criado o programa “Diálogos sobre a empregabilidade da pessoa com Deficiência”, que até o mês de junho percorrerá sete cidades paulistas para mostrar que é possível mobilizar a sociedade para esse tema tão carente de transformação.
Através de facilitadores voluntários, dispostos a resgatar a cidadania dessa parcela de trabalhadores e promover sua inclusão social plena, fatores como preconceito, invisibilidade social e decisões judiciais equivocadas no âmbito da Lei de Cotas estão sendo discutidos nesses encontros, tais como no realizado dia 6 de abril, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo (SRTE-SP), com a participação de mais de 40 empresas e entidades. Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco (SDTI) que reúne 12 cidades, do Sindicato dos Comerciários de SP, e também do Sesc, Sonda, Unifesp, AVAPE e Citibank, entre outros, foram recebidos pelo superintendente estadual do Trabalho em São Paulo, Luiz Claudio Marcolino, que se colocou à disposição das ações em prol da inclusão.
Essa foi a segunda edição do programa “Diálogos…” realizada em 2016. A primeira aconteceu na OAB de Osasco e contou com 60 debatedores, público bem acima do esperado pelo criador do programa, Carlos Aparício Clemente, que também coordena o Espaço da Cidadania, igualmente voltado a divulgar a inclusão de pessoas com deficiências no mercado de trabalho. A regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão, prevista para acontecer em 2018, também tem sido analisada nos encontros. “Acredito que vários setores da sociedade, como igrejas, empresas e entidades do comércio e indústria estão se sensibilizando, trazendo novos atores e estabelecendo parcerias importantes”, disse Clemente.
Lei de Cotas
Um dos pontos altos dos debates é a fiscalização da Lei de Cotas, onde a inclusão deve ser estruturada nos preceitos do trabalho digno. A maioria dos debatedores avalia, contudo, que ainda há empresas que contratam pessoas com deficiências somente para evitar multas, deixando de promover a acessibilidade do local, de preparar os gestores e colegas para uma convivência inclusiva, de oferecer ao trabalhador com deficiência um plano de carreira, de tornar todas as vagas inclusivas e, assim, fortalecer o programa de empregabilidade.
Em comum, todos os grupos de discussão veem a necessidade de envolver no programa itinerante atores diversos, como representantes de universidades e de outras esferas da educação e saúde.
Projeto teve início em 2005
Três projetos de sensibilização quanto à capacidade, talento e inteligência de profissionais com deficiência antecederam os atuais “Diálogos Sobre a Empregabilidade da Pessoa com Deficiência”. Segundo Carlos Clemente, ao ser lançado, em 2005, o programa teve um total de 300 participantes. Em 2007 foram 400 e, em 2010, cerca de 800 pessoas de sindicatos, escolas e poder público foram mobilizados, mostrando que além da necessidade de inclusão, os profissionais com deficiência também entregam qualidade nos serviços prestados.
Graças à crescente mobilização social, as edições dos “Diálogos” se tornaram mais concorridas, e seus propósitos mais abrangentes: um dos objetivos do programa para 2016 é “derrubar os mitos e preconceitos na área da deficiência visual”, segundo Clemente. Para tanto, empresas que empregam pessoas com essa deficiência serão visitadas.
Diálogos itinerantes
O programa percorrerá sete cidades (depois de Osasco e São Paulo, segue para Avaré, Praia Grande, Jundiaí, Salto e Guarulhos), recepcionado em organizações como OAB, SRTE, escolas, sindicatos e demais entidades, que serão os polos dos encontros regionais.
Além dos debates, há visitas a empresas que de fato praticam a inclusão, como o Citibank, que tem um projeto premiado, e uma fábrica de próteses em Sorocaba, cujos funcionários deficientes, fazem produtos para esse mesmo público. Em junho, um encontro final pretende sistematizar a troca de experiências proporcionada por todo o programa.
Curiosidades
- Nas indústrias metalúrgicas ligadas ao Sindicato dos metalúrgicos de Osasco, 104,6% das vagas das cotas estão ocupadas. Ou seja, o número de postos para trabalhadores com deficiência está maior do que o estipulado pela Lei.
- No mundo existe mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência, aptas a trabalhar.
O IBGE informa que, de acordo com os registros do Ministério do Trabalho e Previdência Social, o Brasil tem:
- 2,8 milhões de pessoas com deficiência com ensino superior concluído,
- 7,8 milhões de pessoas com deficiência com ensino médio completo, e
- 12,8 milhões de pessoas com deficiência ocupadas como empregados.
Menos de 400 mil trabalhadores com deficiência têm carteira assinada.