‘Toda vez que uma mulher com deficiência faz sucesso, tem outras se inspirando nela’, afirma empresária que defende o trabalho como forma de inclusão

Publicado em: 10/03/2021


Série do G1 mostra empreendedoras que comandam negócios com impacto social. Após ficar paraplégica, Carolina Ignarra fundou uma consultoria especializada em inclusão de pessoas com deficiência.

Fonte: Fernanda Martinez, G1 – Série Mulheres que Inspiram

Foi uma história difícil com final feliz que levou Carolina Ignarra a empreender. Depois de sofrer um acidente de moto e ficar paraplégica, ela voltou ao trabalho, foi valorizada e percebeu que precisava ajudar outras pessoas.

O G1 publica esta semana uma série de 5 reportagens com mulheres empreendedoras que comandam negócios de impacto social.

O acidente aconteceu em 2001, quando ela era recém-formada em educação física e trabalhava em uma empresa de saúde corporativa.

Continuar trabalhando depois de passar a usar cadeira de rodas mudou a vida de Carolina. E ela quis mudar a vida de outras pessoas também.
Desse desejo nasceu, em 2008, a Talento Incluir, consultoria especializada na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

A empresa é fruto da sociedade de Carolina com mais dois sócios: sua melhor amiga, Juliana Ramalho, e Dulcídio Almeida, pai de Juliana.

“Toda vez que uma mulher com deficiência faz sucesso, tem outras se inspirando nela”, afirma.

O começo de tudo

“Recebia ofertas para ser telefonista, secretária. Ótimas oportunidades, mas muito descoladas do meu perfil. Percebi que as empresas estavam preocupadas em contratar deficiências e não profissionais com alguma deficiência”.


Ao contrário do que via lá fora, na empresa que trabalhava, ela se sentia muito valorizada.

Depois do acidente, por causa da lei de cotas, que garante emprego às pessoas com deficiência física, auditiva, visual, mental e múltipla, muitas empresas começaram a procurar Carolina com propostas de trabalho.

“Na época do acidente, minha gestora olhou o que eu sabia fazer, o que eu tinha interesse em desenvolver e foi me dando desafios conectados comigo, com meu desejo profissional”, lembra.

Para a empresária, esse foi o segredo do sucesso: “Minha chefe olhou para a Carol. Ela nunca olhou minha deficiência como valor”.


Carolina sabia que o mundo corporativo precisava enxergar essas potencialidades em todas as pessoas com deficiência. Dentro da empresa que trabalhava, começou a tocar esse projeto paralelamente. Foram cinco anos até abrir, de fato, sua própria empresa.

Hoje, a Talento Incluir já proporcionou emprego para mais de 5,5 mil pessoas com deficiência e ofereceu treinamento para tornar 280 empresas mais inclusivas.

Veja abaixo alguns trechos da entrevista do G1 com Carolina Ignarra.

Superação e inclusão


A empresária acredita na inclusão como um processo de troca: “O empregador oferece a oportunidade, a pessoa entrega o seu talento e assim todos ganham. Sou a favor da inclusão produtiva”, afirma.

“O trabalho foi o caminho para eu reingressar na sociedade, me ajudou muito na minha superação”.


Carolina ressalta a importância de usar a sua história para inspirar outras empresas a cumprirem as cotas exigidas de forma produtiva.

“No meu caso, a deficiência é a favor do meu negócio. E o fato de eu ser mulher também. Pelo negócio que eu ofereço, ser mulher é uma vantagem competitiva”.

Nem por isso, a empreendedora deixa de ter alguns obstáculos.

“Algumas vezes, me sinto calada e não escutada só por ser mulher. Hoje muito menos, ainda bem”.

Mulheres unidas


A Talento Incluir enfrentou a crise causada pela pandemia da Covid-19 e cresceu em faturamento neste período.

“Crescemos durante a pandemia porque tínhamos mulheres fortes ao nosso lado”.


Quando a crise chegou, a empresa de Carolina fazia parte de uma iniciativa da consultoria EY chamada Entrepreneurial Winning Women. O projeto seleciona negócios geridos por mulheres e oferece mentoria com executivas voluntárias.


Uma vez por semana, Carolina e a sócia Juliana se reuniam com essas mentoras, que auxiliaram no processo de adaptação.

“A agilidade em tomar decisões foi fundamental. Nós mulheres somos muito rápidas”.


Conselho para quem quer empreender


A empreendedora social ressalta a importância da deficiência não ser uma limitação.

“Tenha orgulho de você, vá forte naquilo que você é boa, tenta mostrar com mais evidência aquilo que você tem de talento”.
Para Carolina, equilibrar vida pessoal e profissional também é essencial.

“O negócio é muito importante, mas não é tudo. Trabalha para cuidar de você, seguindo seu papel de mãe, de filha, de esposa, outros papéis de mulher que a gente tem na sociedade”.

Voltar para Notícias